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terça-feira, 21 de junho de 2011

Liturgia do terror

 Por Eder Barbosa de Melo


Durante anos da minha vida fui legalista, deixei-me ludibriar pelo coronelismo sutil eclesiástico, fui, por alguns momentos, marionete de lideranças empreendedoras, abri mão de algumas convicções em virtude de alcançar uma verdade absoluta.

Ingênuo, esforçava-me para se manter digno, uniforme e disposto a me consumir por inteiro em favor do que eu julgava ser uma obrigação do Reino de Deus. Meu desejo de colocar a mão no arado, levou-me a conviver com muitos líderes, e logo pude perceber que os bastidores das igrejas me reservavam surpresas desagradáveis.

Para desgosto alheio, desde o início da caminhada ansiava devorar a Bíblia. Li quase toda, e com o tempo, fui conhecendo as suas verdades santas e libertadoras, estas foram me lapidando, ensinando-me a genuína essência de santidade.

Percebia, mas não queria acreditar que o empreendedorismo ali buscava poder temporal, e que as “verdades absolutas” eram relativizadas, deturpadas pelo farisaísmo político.

Quando consegui me desvencilhar das teias da religiosidade, fui amaldiçoado, caluniado e perseguido. Esforço vão. Não voltaria atrás, destruí a ponte; Einstein ensina que a mente que se abre a uma nova idéia não voltará ao seu tamanho anterior.

Mas tais experiências me deixaram cicatrizes na alma. Há muitas desventuras em minha caminhada cristã que preferia esquecer, no entanto, confesso que, hoje, posso enxergar e agradecer por um propósito maior do meu Senhor em minha vida. Vivo unicamente pela graça. Alguns questionamentos insistem em me atravancar, mas me esforço para ser guiado pela fé e não pelas aparências.

Por que tantos cristãos ainda se submetem ao jugo das pseudo-lideranças? Essa questão me faz lembrar o enredo de um filme do diretor M. Night Shyamalan, A Vila (The Vilage), de 2004. Bem arquitetada, a trama fala sobre uma comunidade que vive reclusa num pequeno vilarejo, liderados por uma espécie de assembléia, que tomava as decisões.


Frequentemente, eram assolados por demônios, dos quais nem podiam citar o nome, conhecidos como “aqueles que não mencionamos”. Todos eram obrigados a se esconder, num clima de suspense total, eram noites de pavor.

O desfecho da história é surpreendente, nos incita a repensar sobre a possibilidade de vivermos uma grande farsa. Pior: revela que muitas vezes, para sustentar nossas falácias, somos capazes de promover o terror. Somos capazes de acreditar nas próprias mentiras. Somos capazes de exceder todos os limites.

Os justos líderes intencionavam apenas poupá-los das tragédias da vida. Mas como fugir do inevitável? Como sustentar um paradigma cujo alicerce é o medo...

É lastimável perceber que muitas igrejas se edificam promovendo uma espécie de terrorismo espiritual e moral. Cristãos que demonizam tudo em sua sociedade e cultura, instruídos por parasitas, que conhecem a verdade, mas subjugam o povo com seus dogmas desprezíveis e sua espiritualidade infame, promovendo o pânico.

Minhas frustrações, não me destruíram, nem me tornaram insubmisso. Me fizeram repensar a minha fé, aumentaram minhas utopias e minhas responsabilidades. Quando torno essa experiência pública, sei que poderá servir de embaraço aos neófitos, mas também de consolo para quem deseja viver para Deus, ou já vivenciou situações parecidas. Quero simplificar!

Há cristãos sinceros, líderes amorosos, comunidades que são como família.

No filme, era cego guiando outro cego, literalmente. Mas tinha gente que enxergava com o coração... Jean-Paul Sartre, escritor francês, já disse que "o inferno são os outros", mas muitas vezes nossos inimigos somos nós mesmos, nossos fantasmas nos atormentam porque têm a nossa permissão – e até gostamos.

Quero manter distância da espiritualidade do caos, me permitirei guiar pelas veredas da justiça, quero ter minha fé aperfeiçoada, também não quero correr tanto em vão. Amarei a Palavra do Senhor. Continuarei servindo a Deus com intensidade e amor.

“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, se chegaram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram. Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria...”. Salmos 27:1-3a

- Para assistir ao trailer de “A vila”, clique aqui!

Publicado originalmente no Recortes - e reproduzido no Fonte Gospel; no Blog da Igreja Cristã Charisma; no Hard Blog; no Te amo Jesus e no Genizah por bondade do meu amigo Zé Luís. Obrigado a todos que publicaram este texto e ainda são edificados. Este tema é sempre atual.

 
 

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